Este trecho é parte do episódio 1 do podcast Os Goleiros com o Gabriel Vasconcelos, goleiro do Lecce que foi formado pelo Cruzeiro. Ele fala sobre a emoção da primeira convocação para a Seleção Brasileira de base e como isso mexeu com a confiança dele.
“Eu já estava com 17 anos, então já tinha 4 anos de Cruzeiro.
E todo atleta de base tem esse sonho de ir para a Seleção de base. Porque é a coisa na base que é o ápice, ser convocado...
Eu lembro que eu sempre sonhava, mas as seleções de base, na minha época, eram muitas convocações de Rio e São Paulo, não sei se pela maior visibilidade, às vezes alguma convocação do Rio Grande do Sul, mas não eram convocados muitos jogadores de Minas Gerais.
Eu lembro que fomos para a Copa São Paulo com o Cruzeiro e eu já era o titular.
Fiz uma boa competição, mas nada demais aos meus olhos.
Aos meus olhos, eu tinha feito um campeonato normal.
Fomos eliminados, se não me engano, nas oitavas-de-final ou quartas para o São Paulo [São Paulo 2 x 1 Cruzeiro, quartas-de-final da Copa São Paulo de 2010], que naquele ano foi o campeão. E o São Paulo tinha o Lucas, que atualmente está no Tottenham.
Saí da Copa São Paulo com aquele sentimento: fui bem, mas nada de mais: poderia ter feito melhor, o time foi eliminado...
Fomos eliminados de forma precoce, para um time como o Cruzeiro, que almejava chegar mais longe na competição.
Voltei pra BH para ficar com a família, mas sempre com aquele sonho no coração.
Um dia fomos viajar para São Paulo, para tirar o visto porque íamos participar de uma competição nos Estados Unidos.
Lembro que estava no ônibus e refletindo, orando, e falava com Deus assim: ‘não sei como dar um ‘up’ na minha carreira, como alguma coisa pode acontecer’. Porque a categoria de base é muito incerta, é um funil que, de 500 vira 100, depois 20 e às vezes só um jogador vira.
No Brasil, é complicada a categoria de base. Chegando a fase de juniores pensando, ‘será que vai dar, será que vai dar?’ É uma situação incerta e a gente sabe que a maioria…
Meus amigos de junior, que eu converso, me falam assim ultimamente: ‘é, Gabri, eu comecei a rodar em time pequeno, não recebia, decidi parar e trabalhar com o meu pai’.
Isso é uma realidade no Brasil! E olha que estou falando do júnior do Cruzeiro, que pra chegar você teve de superar muitas etapas.
Eu estava ali no ônibus, um diretor levantou e falou assim: teve um jogador nosso aqui que foi convocado para a Seleção, acabei de receber a ligação. Vamos fazer uma votação para ver se vocês acertam?
E ele falava assim: quem acha que o José foi convocado? Quem achava levantava a mão. Sempre achavam que tinha sido o meia ou o atacante. Quando ele falou Gabriel, levantaram as mãos os que levantam pra todo mundo, sabe? Esses que fazem mais pela festa.
Ele esperou todo mundo fazer a brincadeira e depois anunciou: quem foi convocado foi o Gabriel!
Na hora, assim, seu mundo desaba. Vem toda aquela emoção. Eu sou muito emotivo, chorei bastante, porque passa um filme pela sua cabeça. Você pensa assim: ‘agora o meu sonho está virando realidade de verdade’.
Foi um momento maravilhoso.
Lembro que a primeira coisa que fiz foi ligar para a minha mãe, que ficou bastante emocionada. Porque você começa a lembrar das suas raízes e falar assim: ‘está valendo a pena, o sonho está se concretizando’.
Aperte o play abaixo para ouvir o episódio completo com o Gabriel Vasconcelos:
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