Este trecho é parte do episódio 30 do podcast Os Goleiros com o Thiago Mehl, treinador de goleiros do Coritiba. Ele explica sobre o perfil adotado por ele como treinador e como decidiu utilizar as gravações para ajudar a identificar acertos e falhas dos goleiros.
“Eu fui criado numa metodologia onde a maioria dos goleiros era de carrascos.
Trabalhei, na sua grande maioria, com ex-goleiros que não tiveram preparação acadêmica.
Mas eram excelentes treinadores de goleiros que reproduziam o que eles tiveram como boleiros.
Então, era chute pra lá e pra cá, vâmo!, palavrão pra cá e pra lá...
E sempre cobrando uma postura muito séria, que eu acho muito interessante.
O goleiro realmente tem de ser um ser humano mais centrado e concentrado. É um estilo de vida diferente que o goleiro leva.
Quando eu venho para o outro lado, trabalhando com crianças e jovens no início, eu não consegui ser um carrasco.
Eu preferi ser mais um parceiro.
E, na minha opinião, enquanto eu ia me moldando como treinador de goleiros eu via que estava dando muito certo.
Claro, isso sem deixar com que o atleta confunda amizade com a profissão.
A gente é muito amigo e muito próximo, mas no momento da cobrança eles entendiam muito bem que era um momento diferente.
Isso me ajudou muito porque hoje eu sou um treinador de goleiros muito mais companheiro e parceiro do que carrasco.
Mas é óbvio que, com mais de 16 anos de profissão, eu me entendo melhor para saber o momento exato de criar algo mais descontraído e também os momentos de cobrar mais.
O auxílio da imagem
A questão de filmar treino começou quando eu treinava a base do Clube Atlético Paranaense.
Se não me engano era 2011, 2012 e o treinador de linha, não de goleiros, filmava todos os treinos. E, sempre antes do treino seguinte, ele passava um feedback de 15, 20 minutos sobre como tinha sido a atividade anterior.
Aí me deu um click: pô, vou fazer isso com os goleiros, porque naquele momento os goleiros ficavam sem ser inseridos.
Vou começar a passar os meus goleiros como havia sido o treino anterior.
Fazia uma pequena edição, para que todo mundo aparecesse, para procurar falhas e acertos.
Começou assim e foi óbvio que na categoria de base era uma novidade, tanto para mim como para eles.
Mas foi muito bem aceito pelos goleiros e deu uma repercussão boa internamente, como não imaginei que pudesse dar. E passei a ser reconhecido por isso, veio meio que natural.
Gostei do trabalho apresentado e comecei a criar um arquivo. Na época, não tinha um projeto de goleiro no clube.
Como eu convivi muito com treinadores que eu sabia como ia ser o treino na segunda, na terça, na quarta, na quinta, na sexta, no sábado e no aquecimento do jogo, pois era sempre igual o ano inteiro, eu falei: ‘quando comecei a treinar goleiro, eu vou repetir conteúdo mas eu não vou repetir treino’.
Então, o arquivo me ajudou a tirar algumas variações.
E começou com esse sentido de o goleiro se interessar mais pelo feedback, para ele se ver - lembrando que na época não tinham redes sociais.
Tenho vídeos hoje do início da minha carreira, lá atrás. E olha o treino que eu dava…
Montamos um banco de dados para o clube e tudo ficava num computador. Eu comecei a instigar os treinadores das outras categorias a fazer o mesmo: jogar os vídeos ali para tentarmos aprender um com o outro”
Aperte o play abaixo para ouvir o episódio completo com o Thiago Mehl:
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